quinta-feira, dezembro 18, 2014

You

Não estamos juntos. Em qualquer sentido do termo: não num sentido concreto, formal, estamos longe fisicamente e não somo um par que se prolongue para além de uns minutos.

Muitas vezes apenas se tocam os nossos ombros ou os braços, por segundos que me parecem uma eternidade.

Quando aqui estás, à minha beira, fico imersa na tua presença, na vida que de ti emana e paraliso. Fico perdida nos teus olhos (adoro as linhas dos teus olhos), no teu braço, no teu cabelo, na tua forma de falar, de contar tantas coisas. E fico orgulhosa. Só. Orgulhosa de estar ali contigo, no meio do mundo todo lá fora.

Por momentos, imagino as minhas mãos a tomar algumas liberdades que não são admitidas fora do nosso "outro" contexto. Passar a mão na tua cabeça, tocar-te o antebraço, acariciar o teu joelho.

De repente, fazes-me uma pergunta e acordo do meu sonho de meio-dia "Estás bem?"

Sei que não quererás mais do que isto. E mesmo assim penso que está bem assim, como queiras - ficaria feliz por ser apenas o que queiras. Também pode haver romance numa amizade, uma espécie de deleite que dá às coisas ordinárias um brilhozinho extra.

E aí penso como tudo isto começou e naquilo que sempre prometemos um ao outro - honestidade, sem tentativas de esconder ou dourar a realidade. E penso também como me sinto tão mais consciente de mim própria desde que nos encontramos.

Não percebo muito (ou quase nada) do amor. Na verdade, sou um pouco infantil nesse aspeto. Imagino a mulher que procuras para ti, a tua companheira e tento fugir à tentação de me imaginar nesse papel, de tentar medir o quão perto ou longe poderei estar dela.

Não o devo fazer? Tanto faz. Nunca prometi nada além de honestidade. Tu também. Portanto, tento descongelar o coração do terror de nunca mais te ter. Aceitar o que o universo me vai dando. Talvez até tenha ido muito mais além do que pensava. E se só tiver o teu corpo ocasionalmente contra o meu, se nunca mais o fizer ou se apenas te olhar de 5 em 5 anos... eu sei que vou ser feliz e, acima de tudo, vou ser mais Eu nesses momentos.

A eternidade é sempre que isso acontece. O dia que está sempre para vir amanhã é o que dá luz aos dias por viver.

Pois, então, se já vivi apaixonada por ti e te disse que te amava sem saber o que isso era, deixa que te diga hoje, com dois pés na terra - e as mãos onde e se as quiseres - que te amo, sim, mas de uma forma melhor e mais livre. Quero que sejas feliz! E fazes-me feliz só por estares aí, por existires.

sábado, dezembro 13, 2014

Um poema

IX - Do Desejo


E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.

Hilda Hilst

segunda-feira, novembro 17, 2014

Poeminha Lento

Coloquei minha alma num barquinho
a remos em alto mar
Remo, remo
mas não sei remar

Fecho os olhos
E enquanto o sol me doira a face
Vou
Com o vento onde ele me levar.

(2/9/2014)

sexta-feira, agosto 01, 2014

Loneliness

às vezes, sentimo-nos sozinhos
com vontade de incendiar tudo
de fugir daqui por outro caminho

outras vezes, não
procuramos apenas outros olhos
que nos prendam à vida e nos segurem na mão


quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Morreu Shirley Temple, estrela infantil de Hollywood


Era parecido o título da notícia.

Eu não conhecia Shirley Temple, no sentido de ser fã acérrima, conhecedora de todos os seus filmes, acompanhado a sua vida. Não sabia que idade tinha.

Mesmo assim, senti-me invadida por uma emoção estranha. Chorei mesmo quase compulsivamente. A Shirley Temple que eu conhecia tinha no máximo 8 anos, usava vestidos de roda e cachos loiros. Sorria muito e fazia beicinho.

Coloquem Shirley Temple em qualquer motor de pesquisa e os resultados são os mesmos.
Sim, sabemos que Shirley Temple tinha já muita idade, já não era a menina sorridente de caracóis dourados, mas olho para as minhas filhas, para as suas mãos inhas, inhas, os seus “o vetido nã roda, mamã” e para o riso que lhes prolonga o olhar por séculos e séculos… Hão de ser sempre as meninas do meu coração.

Olho a minha avó, com os seus 89 acabadinhos de fazer, e só vejo a menina de cara enfiada e saia curta, com dois palitos em vez de pernas e 3 anitos de altura numa rua empedrada de Vila Praia de Âncora.

(Filha, quem o soubera?)

Olho mais uma vez para uma das imagens daquele rosto de menina tão traquina quanto fofo. Para mim, quem morreu não foi a senhora de 80 e tal anos; foi a menina de 6 ou 8. (Somos todos pequeninos quando morremos). E choro. Por ela, por nós. Don’t be so nervous!, dizia a Walt Disney a quem apresentara o Oscar.

Sleep well, sweet “Little Princess”.

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Aniversário!

Ontem, foi o meu aniversário!
34 anos  :)

Se quiser fazer uma daquelas listagens do coisas a fazer antes dos 35 (é o marco mais próximo, só por isso...), tenho de me despachar!! Não que tenha de o fazer, não que o queira fazer, mas enfim.. de vez em quando dá-me para fazer listas!

De entre todos os parabéns e felicitações, pergunta-me o meu pai como me sentia agora com mais 1 em cima. Respondi-lhe que o que valia é que não foi de repente, foi chegando um dia de cada vez.
Só depois pensei no que tinha dito. É que é mesmo isso, não é? Ainda bem que os anos não nos caem em cima a cada aniversário. Um dia após o outro, ele vai chegando. Para já este chegar é suave!

Não me sinto diferente ao ter 34. Mas, para mim, o ano começou ontem e quero vivê-lo um dia de cada vez, como 365 oportunidades para ser feliz e fazer coisas antes dos 35, como antes de outra data qualquer.

Parabéns a mim ;)

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Ikea

Este foi um fim de semana de Ikea. Fui só com uma amiga, sem crianças, que já foi dose suficiente ter ido lá a um sábado. Pós-Natal. De saldos.
Não fui com lista, nem com a visita preparada, mas sabia mais ou menos o que queria. Na verdade, eu gosto de lá ir, nem que seja para ver. Tenho sempre imensas ideias lá para casa. O pior mesmo é que volto sempre com alguma coisita na mão. Como o dinheiro nem sempre (ou quase nunca) abunda, o que faz mais falta acaba por ir ficando.
Desta vez, fui-me controlando e tirei só umas fotos para discutir o outro adulto lá de casa.



Explicando:

1 e 2: Tenho dois cubos Expedit (de 4) na sala e penso que tudo ficaria mais arrumado, com menos pó, se tivesse uns cestos, umas gavetas ou umas portinhas. Aquelas de vidro com prateleira, que não conhecia, pareceram-me uma boa opção (para lá colocar o "bar", una copos?). Gostei muito particularmente das gavetas, mas não sei bem que cor escolher, já que a estrutura é bétula.

3: Tínhamos um tapete debaixo da mesa da sala e esse tapete era muito bom. Mas os anos passam, as crianças aparecem e o tapete sofreu com tudo isso. Tivemos de o substituir à pressa e coloquei um que tinha por lá em casa, mas não resultou muito bem: as pontas enrolaram todas e está sempre a sair do sítio. Estes com a borda em castanho são semelhantes ao que tínhamos, mas não estou convencida da cor nem se de facto quero um tapete debaixo da mesa. Acho que vou mesmo começar por tirar o que lá está e ver como corre. 

Em relação ao resto da casa, tenho pequenos grandes projetos para pôr em marcha, tentando aproveitar e reciclar o que já tenho. Preciso de mais funcionalidade e praticidade, mais do que de móveis novos!!

Foi uma boa visita! Conseguimos controlar alguns impulsos consumistas ("eles" sabem mesmo levar-nos, não?) e saí de lá com a sensação de ter apenas trazido o que me fazia falta.

MAS, da próxima, só peço que me batam se eu me lembra de lá ir num sábado, pós-Natal, em período de saldos. Às tantas, já não se pensa, já não se vê, só se tem calor  e sede, com a grande tentação de pegar em qualquer coisa para encher o carrinho e não se ter a sensação de que se foi lá passear sem razão...


quinta-feira, janeiro 02, 2014

Depois de tanto tempo e tantas interrupções, não posso afirmar que estou mesmo de volta. De qualquer forma, posso tentar... Até porque a vida já deu tantas voltas que não tenho a certeza de isto ser, de facto, uma volta. Talvez um recomeço, um trilho novo.

Um dia de cada vez, não é?

Há imensos projetos na gaveta, à espreita, novas atividades, novas caras! Uma vontade muito grande de falar de contar isso tudo J Por isso, cá estou eu à volta com as palavras, as linhas e as imagens... a ver no que dá! Uma espécie de misto entre o deixar a vida viver sozinha e o meter a mão (as duas, de preferência) na massa e agir.


O mais engraçado é que eu nunca fui muito boa com os diários. Gostava muito dos cadernos em branco, escrevia uns textos bons, mas sempre fui muito irregular também. Não sei por que é que fui achar que escrever um blog pudesse resultar melhor do que os diários. Mas não há de ser nada.

Ready? (fica sempre bem meter um inglesito pelo meio, não?)
Humm.. Não!

3... 2.... 1.... Partida! Bem vindos a 2014!