terça-feira, janeiro 13, 2015

Aspargus

Ser feliz. E eu só queria ser feliz.
Ter uma qualquer vida em que se fosse feliz. Isso deveria bastar. Não?

Mas nunca é só isso que queres. Queres ser felizes, sim, mas de uma forma determinada e escolhida. Não com aquela face amarelada, um zeloso marido e filhos desengonçados. Não!
Não como aquele pobre coitado (queres mesmo é chamar-lhe energúmeno) que se acha o mais esperto das redondezas  - ele deve sentir-se feliz, não?
Não como o varredor de ruas, não como o vendedor de lotaria ou o caixeiro do supermercado. Todos podem ser perfeitamente felizes nas suas vidas, mas tu não queres.

Não com qualquer amor, de alguma qualquer pessoa que ainda nem conheces. (Como é que eu sei que vou gostar dele?!?!)

Eu quero ser feliz aqui, não ali. Não quero saber se o ali está à minha espera. Eu quero ser feliz com ele. Esse, sim, esse amor que bateu à porta, já quase outono, num dia de sol. Esse que me tira o fôlego só de existir. Eu sei, eu sei, o outro... aquele com quem vais ser feliz é perfeito para ti, como duas peças de um puzzle encaixar-se-ão.
(Desculpa, mas nem sequer o conheço; é bem possível que nem sequer goste dele E, já disse, tenho pressa.) Eu quero ser feliz agora, neste momento, com esta boca e este sorriso. Não amanhã, não daqui a 2 anos ou 20.

Essa mão direita já encaixa aqui nesta minha esquerda e a minha cabeça não dói quando repousa no seu peito. E é essa voz que ondula sob a pele e compassa o meu coração.


I"I'm so glad I don't like asparagus, said the small girl to a sympathetic friend. Because if I did, I should have to eat it, and I can't bear it!"
-- Lewis Carroll

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